Estresse e Saúde do trabalhador
O estresse relacionado ao trabalho é um dos maiores desafios para a Saúde do Trabalhador, representando enorme custo social e sofrimento humano. É um dos problemas de saúde relacionados ao trabalho de maior incidência, embora seja pouco notificado devido a sua difícil caracterização pelo Instituto Nacional da Seguridade Social – INSS, além de afetar trabalhadores que realizam trabalhos na informalidade.
Os indivíduos sofrem de estresse quando sentem que há um desequilíbrio entre as solicitações que lhes são feitas e os recursos de que dispõem para responder a essas solicitações. Embora seja psicológico, o estresse afeta igualmente a saúde física do indivíduo.
Entre os fatores de risco mais comuns do estresse relacionado com o trabalho contam-se a falta de controle sobre o trabalho, solicitações inadequadas e falta de apoio por parte dos colegas e das chefias.
O estresse pode alterar a forma como uma pessoa sente, pensa e se comporta. Entre os sintomas de estresse a nível organizacional está o absenteísmo, a elevada rotatividade do pessoal, incumprimento de horários, problemas disciplinares, assédio, produtividade reduzida, acidentes, erros e agravamento dos custos de compensação ou de saúde; e ao nível individual estão reações emocionais como irritabilidade, ansiedade, depressão, perturbação do sono acarretando problemas de convívio social e familiar, levando ao abuso de álcool, tabaco e substâncias tóxicas causando outras formas de adoecimento.
Importante ressaltar que os estudos sobre saúde mental e trabalho têm evidenciado que aspectos da organização do trabalho são importantes para se entender agravos psíquicos relacionados ao trabalho. Muitas vezes os problemas à saúde dos trabalhadores não são relacionados como de origem no estresse. Sentimentos como ansiedade, medo, insegurança, baixa autoestima, fadiga, desgastes e revolta são por vezes sentimentos gerados pelo estresse que acarretam outras formas de adoecimento.
As organizações e as condições de trabalho
Talvez o grande fator de perpetuação dessas condições de trabalho seja a mentalidade de que trabalhar “é estressante mesmo…” esse princípio faz com que os trabalhadores acabem se conformando com a situação e não busquem saídas que possam trazer melhorias de suas condições de trabalho e de vida.
Estudos da Organização Mundial da Saúde revelam que os problemas relacionados ao estresse no trabalho estão associados às constantes mudanças sociais, como, por exemplo, a globalização, o aumento da economia informal e as mudanças que ocorrem no ambiente de trabalho. O estresse, definido como a soma de respostas físicas e mentais, ou ainda, reações fisiológicas, que, quando intensificadas, transformam-se em reações emocionais negativas. Ele aumenta consideravelmente o número de trabalhadores afastados e reflete na vida das organizações, seja em perda de produtividade, seja na diminuição da qualidade dos produtos e serviços prestados.
A globalização e o neoliberalismo, como partes de um processo de mudanças sociais, trazem consigo novas reformas econômicas e sociais, as quais exigem dos trabalhadores e das organizações, adaptações e reorientações quanto ao modo de produção. Incluem-se como fatores das mudanças o desemprego, as condições de trabalho precárias e a crescente ausência de prioridade de aspectos sociais como a saúde pública e a seguridade social.
Outra observação apontada pela OMS refere-se ao foco das iniciativas organizacionais. Estas, normalmente, consideram somente aspectos preventivos em saúde e segurança, como a exposição a agentes químicos, físicos e biológicos, e não levam em conta os riscos psicossociais. Este tipo de risco é negligenciado e insuficientemente compreendido.
Outro aspecto apontado no estudo está voltado para a divisão entre as condições de trabalho e o ambiente de trabalho, que faz com que os riscos psicossociais sejam difíceis de serem identificados. Além disso, a ausência de políticas de desenvolvimento que considerem este tipo de risco no ambiente de trabalho torna mais difícil a implementação de práticas efetivas de controle e a elaboração de estratégias para tal questão por parte das empresas.
Além disso, a ausência de infraestrutura, de recursos, de disponibilização de informações, a precariedade na cobertura dos serviços em saúde do trabalhador são fatores que acometem e levam milhões de trabalhadores ao estresse.
Números que estressam – de acordo com a OMS
A Organização Mundial de Saúde – OMS estima que, no mundo, de 5 a 10% dos trabalhadores dos países em desenvolvimento têm acesso aos serviços de saúde ocupacional, enquanto nos países de primeiro mundo, de 20 a 50% dos trabalhadores possuem esse acesso.
De acordo com a organização, dois milhões e quatrocentas mil pessoas vivem e trabalham em países subdesenvolvidos, o que representa 75% da força mundial de trabalho. A taxa de exposição de trabalhadores submetidos à exposição de risco no local de trabalho em países em desenvolvimento atinge de 20 a 50%.
Enquanto isto, nos países industrializados, mais de 80 por cento da força de trabalho estão nas médias e pequenas empresas e 50 por cento dos trabalhadores, segundo a OMS, julgam o trabalho como algo “mentalmente estressante”.
Com base em tudo isso, a cada ano ocorrem 120 milhões de acidentes ocupacionais com 200 mil fatalidades, e de 68 a 157 milhões de doenças existentes no local de trabalho. Condições precárias de saúde ocupacional e capacidade reduzida de trabalhadores causam perda econômica de 10 a 20% do Produto Interno Bruto (PIB) de um país em desenvolvimento.
O QUE FAZER
Listamos algumas iniciativas que podem combater o problema de estresse relacionado ao trabalho:
1 – Análise de riscos adequada: para tanto é necessário conhecimento aprofundado do processo produtivo, trabalhadores precisam se comunicar com o Sintaema para que o sindicato tome conhecimento dos riscos aos quais eles estão expostos diariamente.
2 – Combinação de medidas orientadas para a organização do trabalho e para os próprios trabalhadores: o SINTAEMA vem agindo no sentido de respaldar os trabalhadores para estarem orientados a identificar o estresse e não naturalizá-lo como algo que faça parte do
trabalho;
3 – Soluções específicas para cada local de trabalho: importante que os dirigentes sindicais e cipeiros estejam em sintonia para criar tais soluções específicas;
4 – Diálogo, parceria e participação dos trabalhadores: o SINTAEMA tem reunido esforços para aumentar a disseminação de informação sobre as questões que afetam a saúde dos trabalhadores de sua categoria e a parceria com o DIESAT – Departamento Intersindical de Estudos de Pesquisa de Saúde e Ambientes de Trabalho demonstra com clareza a preocupação com a saúde dos trabalhadores;
Somente através da união com o sindicato é que podemos somar esforços para melhoria das condições de trabalho e saúde da categoria.
Fonte: DIESAT