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Empresas privadas levam ao colapso os serviços de saneamento no Reino Unido

Imagem: Portal do End Water Poverty.

Vale lembrar que no mês de março deste ano, um comitê da Câmara dos Lordes do Parlamento Britânico [o equivalente a uma comissão da Câmara de Deputados do Brasil] produziu um relatório no qual denuncia que as empresas privadas que assumiram a prestação de serviço de água e esgoto deixaram de lado as necessidades da população e priorizam o lucro dos investidores. Ou seja, o exemplo inglês derrete os mitos de eficácia e eficiência das empresas privadas tanto utilizadas aqui no Brasil quanto a privatização do saneamento.

O relatório deixa claro que as companhias de água e esgoto no Reino Unido estão falhando quando se trata de cuidar da população e do meio ambiente. O desempenho das empresas tem sido inaceitável.

Para se ter uma ideia, entre 2021 e 2022, houve um aumento do número de incidentes graves de poluição, além do descumprimento das obras de tratamento. O relatório ainda aponta um baixo investimento nas estações de tratamento e o aumento de incidentes relativos à inundação de esgotos.

E os problemas não param por aí. De acordo com o documento, além da piora na prestação do serviço, também houve o avanço brutal da poluição das águas doces e costeiras. A investigação apontou que as empresas que assumiram os serviços em Gales e na Inglaterra há 34 anos – sob a égide do governo neoliberal de Margareth Thatcher – não realizaram os investimentos necessários para acompanhar o avanço populacional e as  mudanças climática.

Dados publicados pelo jornal britânico The Guardian, no final de março [gráfico abaixo], mostram o avanço anual de extravasões de esgoto, reflete o desempenho dos últimos anos das empresas privadas e comprovam as denúncias feitas pela Câmara dos Lordes do Parlamento Britânico. 

Vale destacar que a redução modesta vista no gráfico no ano de 2022 é explicada, segundo avaliação anual feita pela Agência Ambiental Britânica, pelas precipitações reduzidas tanto na Inglaterra como em Gales.

Ameaça de seca

Além da falta de tratamento de esgoto e do avanço da poluição, outro fator que aterroriza os britânicos é a falta de água.
 
Neste último mês de março, a Agência Ambiental Britânica rechaçou os planos da Thames Water, a prestadora privada que atende Londres e adjacências, que indicou como saída para a falta de água captar mais água bruta no Tâmisa e trazer água do País de Gales.
 
A Agência Ambiental indicou diversos problemas e deficiências do serviço prestado pela empresa, entre eles: a Thames Water não consegue fazer funcionar uma unidade de dessalinização localizada no leste de Londres, crucial para aumentar o abastecimento em caso de seca. E seu péssimo serviço já custou 250 milhões de libras esterlinas para a população (R$ 1,5 bilhão).
 
Em um relatório, a Agência alertou: “a empresa não administrou bem o ativo e esse recurso vital não funciona há muitos anos”.

O fato é que, após mais de três décadas de privatização da água e do esgoto, a população da usuários da Inglaterra e do País de Gales estão pagando caro por serviços de péssima qualidade e que não garantem segurança de saúde para seus consumidores.

As empresas privadas que receberam os serviços isentos de qualquer dívida, hoje apresentam uma dívida de 54 bilhões de libras, correspondente aos empréstimos tomados que têm a mesma ordem de grandeza que os dividendos pagos aos acionistas, na sua maioria constituídos por fundos de investimento internacionais, private equities, bancos, super-ricos e, em alguns casos, empresas registradas em paraísos fiscais. 

Com informações do Portal Outras Palavras