Pesquisa da Rede Penssan mostra que 55,2% da população brasileira vive em situação de insegurança alimentar. Esse cenário de horror ficou escancarado com as cenas que viralizaram, em 2021, de pessoas buscando ossos e carcaças para se alimentar.
Um dos criadores do Fome Zero e um dos principais pesquisadores em segurança alimentar no Brasil, Walter Belik, professor aposentado do Instituto de Economia da Unicamp, em entrevista ao impresso Folha de São Paulo, defende que o governo Jair Bolsonaro conduz uma política de desmonte das iniciativas de combate à fome no país.
Durante a entrevista, Belik relembra a importância da criação de programas como o Fome Zero e do Bolsa Família, ações pensadas para designar uma estratégia de segurança alimentar e que pavimentaram a saída do Brasil do Mapa da Fome da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação da Agricultura), em 2014.
O cenário mudou a partir de 2015, diz Belik, com a crise política, a escalada inflacionária, a ausência de recomposição do valor de benefícios sociais e um desmonte das políticas de segurança alimentar, sobretudo no governo Bolsonaro. ”O ano de 2018 já configura uma volta do Brasil ao Mapa da Fome. Esse dado se confirma e agrava nos anos seguintes. Em 2022, a tendência é de continuidade nesse aumento”, alerta o especialista.
Ao falar sobre as ações do governo Bolsonaro que só ampliaram o quadro de crise e insegurança alimentar, Walter Belik indica que a lista é extensa. “O Bolsa Família, desidratado, passou de um programa de transferência de renda com condicionalidades para um de doação. Com o Auxílio Brasil, a ideia de proteção e assistência social dessas famílias foi escanteada”, explicou.
Ele também lembrou que o desmonte de programas como “o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) com o corte de 35% de seus recursos”. Além disso, “o programa de reforma agrária, a Secretaria de Agricultura Familiar, o programa de estoques de regulação da Conab e o programa de cisternas, todos foram descontinuados”.
Belik também destacou como outro retrocesso no governo Bolsonaro o fim do Programa de Aquisição de Alimentos (PPA), que priorizava a compra de alimentos de agricultura familiar para doações ou alimentação escolar, garantindo renda para os pequenos produtores.
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Fonte: Folha de São Paulo