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Falta de saneamento sanitário está atrelada a disputas de terra em áreas rurais

O podcast Ambiente é o Meio debate como a falta de saneamento sanitário está atrelada a disputas de terra em áreas rurais. E para avaliar o tema conversou com o engenheiro Tassio Gabriel Ribeiro Lopes, mestrando em Meio Ambiente, Águas e Saneamento pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). O especialista fala sobre tecnologias sociais, saneamento rural, bases agroecológicas e assentamentos.

Acompanhe a entrevista aqui:

Lopes, autor do livro Tecnologia Social, Agroecologia e Educação do Campo na Promoção do Saneamento Rural, afirma que é preciso avaliar o campesinato brasileiro para entender a questão agrária, já que “forma muito a nossa questão social e política e influencia muito no saneamento rural”. A partir das pesquisas para o livro, o engenheiro verificou que “há uma diversidade enorme no campo, de vidas, modos de vida, cultura, uma beleza enorme”. Além disso, se certificou de que “são os povos do campo, da floresta e das águas que têm uma responsabilidade muito grande de manter essas culturas e a nossa riqueza natural”, garante.

De acordo com Lopes existe em curso um modelo de territorialização do campo brasileiro, uma disputa, e o saneamento rural está envolvido neste conflito. “O saneamento rural não existe, em grande medida. Ele tem sua deficiência, em grande parte, por conta desse modelo que é incongruente com o modo de vida dessas pessoas”, afirma.

Para o engenheiro, os conflitos por terras e a promoção da saúde e da qualidade de vida no campo não podem coexistir. “É muito difícil a gente ter uma promoção do saneamento rural, da saúde, e, por outro lado, querer que esse modelo agressivo do agronegócio coexista com essas pessoas.”

No Brasil, o projeto de saneamento rural está baseado no modelo urbano, “tanto a questão tecnológica quanto a de prestação de serviço”, que não consegue atender à realidade rural. A solução, defende, é que o saneamento rural esteja alinhado com um projeto de sociedade para o campo e para a cidade; e, também, “conseguir acessar o que a gente tem de conhecimento ancestral, popular, para superar os nossos problemas atuais”.

Fonte: Jornal USP