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Sabesp privatizada destaca lucro, mas silencia sobre a crise hídrica, a água suja e torneiras vazias

Foto: Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images.
O novo balanço da Sabesp confirma o que o Sintaema vem alertando desde o início do processo de privatização: a preocupação da atual gestão é com os números que apresenta aos acionistas — e não com a qualidade do serviço prestado à população.

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De acordo com o relatório divulgado à imprensa nesta segunda (10), a companhia registrou lucro líquido ajustado de R$ 1,28 bilhão no terceiro trimestre de 2025, resultado “em linha com o esperado pelo mercado”. A frase resume a lógica que hoje guia a empresa: entregar resultados para o mercado financeiro, enquanto o povo de São Paulo enfrenta o risco de uma nova crise hídrica, recebe água suja nas torneiras, tem as casas invadidas por esgoto e paga tarifas até 10 vezes mais caras do que quando a Sabesp era pública.

As represas do estado estão em níveis preocupantes — apenas 28,2% de armazenamento, segundo a própria companhia —, mas o foco da direção é outro: celebrar o aumento do Ebitda e anunciar captações bilionárias de crédito. A lógica da rentabilidade substituiu o compromisso com o abastecimento e a universalização do saneamento.

O discurso de “eficiência” e “modernização” que embalou a privatização se revela agora pelo que é: uma estratégia para transferir à iniciativa privada o controle sobre um bem essencial. A água, que deveria ser um direito de todos, tornou-se ativo financeiro nas mãos de poucos.

Enquanto os lucros sobem, as contas também sobem. O próprio diretor financeiro da Sabesp admitiu que “esse primeiro ano vai doer mais”, em referência ao reajuste tarifário previsto para 2026. Ou seja, o bolso do consumidor paulista será a fonte direta do lucro dos novos acionistas.

O Sintaema reafirma: água e saneamento não são mercadorias. É dever do Estado garantir o acesso universal, com tarifas justas, qualidade da água e respeito ao meio ambiente. O que está em curso é a destruição de um modelo público que foi referência mundial — substituído por um sistema que prioriza dividendos, não pessoas.

Por isso, seguimos firmes na luta pela defesa do acesso universal ao saneamento, pela gestão social da água e pelo direito de cada cidadão paulista a viver com dignidade, saúde e segurança hídrica.