Home Destaque Por que a crise climática pesa mais sobre os pobres?

Por que a crise climática pesa mais sobre os pobres?

Enchentes e alagamentos em diversas regiões do globo impactam, em maior escala, pessoas mais pobres. — Foto: UNICEF/Akash.
Enchentes e alagamentos em diversas regiões do globo impactam, em maior escala, pessoas mais pobres. — Foto: UNICEF/Akash.

A crise climática não é apenas uma consequência “natural” do tempo ou do acaso. Ela é resultado direto de um modelo de sociedade que fomenta o consumo desenfreado, explora os recursos naturais até a exaustão e promove a devastação da flora e da fauna em nome do lucro de poucos. Nesse sistema, quem paga a conta são justamente os mais pobres.

Os impactos recaem sobre os mais vulneráveis. Sem acesso a infraestrutura, moradia digna ou serviços públicos de qualidade, são eles que sofrem primeiro e de forma mais intensa com enchentes, ondas de calor, secas prolongadas, perda agrícola e doenças relacionadas ao clima.

Enquanto os grandes conglomerados lucram com a destruição ambiental, a população trabalhadora arca com os custos do aumento dos alimentos, com o prejuízo das safras e com os gastos em saúde para enfrentar doenças agravadas pelo calor ou pelas enchentes.

Entre 2000 e 2018, só nas maiores metrópoles brasileiras, mais de 48 mil mortes estiveram associadas às ondas de calor — que atingiram com maior força idosos, mulheres e negros. Em Belém, sede da COP 30, a frequência desses eventos saltou de menos de um por ano, nos anos 80, para onze por ano nesta década.

O campo sente de imediato a devastação: a seca reduz colheitas e empurra milhares de famílias para a pobreza. Nas cidades, a consequência aparece na feira e no supermercado: preços mais altos e dificuldade de acesso ao básico para sobreviver.

O Banco Mundial já alertou: se nada mudar, eventos climáticos extremos podem empurrar até 3 milhões de brasileiros para a pobreza extrema nos próximos anos.

Nas periferias urbanas, as chuvas se transformam em enchentes devastadoras: ruas viram lama, móveis e casas são destruídos, empregos perdidos, a dignidade ferida.

A COP 30, em Belém, é uma oportunidade para recolocar na mesa a pauta da justiça climática: enfrentar um modelo que concentra renda, destrói o meio ambiente e deixa o povo trabalhador cada vez mais vulnerável. Para enfrentar a crise, é preciso construir outro caminho — baseado na solidariedade, na preservação da vida e no direito do povo a viver com dignidade.

Sintaema: em defesa da vida, do meio ambiente e da classe trabalhadora.