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Trabalho e Exposição ao sol

 O sol é a principal fonte de calor e da radiação ultravioleta (RUV) para a Terra. Contudo, o fato do dia estar quente ou frio não significa que haja mais ou menos RUV, ou seja, calor e RUV são coisas distintas. Apesar do importante papel desempenhado pelo sol, algumas fontes artificiais podem produzir RUV com intensidade até maior que a dele.
Entre essas fontes podem ser citadas as lâmpadas de iluminação de alguns ambientes (oficinas, estádios, estúdios e ruas), os arcos de solda, as lâmpadas das cabines de bronzeamento artificial e alguns tipos de laser (Koller, 1965; Who, 1982).
Trabalhadores de diversas categorias mais suscetíveis ao foto-dano que trabalham ao ar livre podem receber uma dose elevada de radiação RUV de seis a oito vezes maiores que as que trabalham em locais fechados. Consequentemente, estão sujeitos ao aparecimento de lesões dermatológicas e labiais. Esse conhecimento epidemiológico não é usado suficientemente como ponto de partida para programas de prevenção nos ambientes de trabalho.
A proteção inadequada surge se o fator de foto-proteção é muito baixo quando comparada à duração ou intensidade da exposição solar e quando quantidade insuficiente ou nenhuma aplicação é feita antes da foto-exposição. O uso de foto-protetores difere fortemente das recomendações. O filtro solar ideal para prevenção de queimaduras, foto-envelhecimento e câncer de pele deve obedecer a critérios referentes à tecnologia com que é produzido, à avaliação da performance do produto nas pessoas, às normas e padrões de uso e sobretudo à sensibilidade das pessoas para uma aplicação correta, uniforme e renovável. (Lucena, Costa, Silveira e Lima, 2012).
Os trabalhadores sob exposição solar que não adotam medidas de proteção contra a radiação ultravioleta têm uma maior predisposição para o desenvolvimento de câncer de pele. Um grave problema de saúde pública devido ao aumento em sua incidência no século 20, provocado principalmente pelas mudanças de hábito da população mundial com relação à exposição solar. Existem evidências importantes de que os três tipos de câncer da pele são causados pela exposição solar, seu principal fator de risco, embora outros sejam descritos, como o uso de álcool, o fumo, no caso carcinoma espinocelular de lábio, exposição ao arsênico, radiações ionizantes e processos dermatológicos irritativos crônicos.
A história natural dessas doenças é o resultado de vários fatores de risco intrínsecos ao ser humano, atuando independente, antagônica ou sinergicamente para produzir ou não alterações no tegumento comum.
Lesões potencialmente malignas podem evoluir para neoplasias invasivas como resultado de longas, repetidas e intermitentes
exposições a esses fatores de risco. Nas últimas décadas ampliou-se o conhecimento referente à etiologia do câncer de pele e identificou-se a radiação ultravioleta como um dos principais agentes envolvidos.
A maior fonte natural de radiação ultravioleta é o sol, ao qual a pele está em constante exposição durante as atividades de trabalho.
O uso de filtro solar é uma estratégia para reduzir a quantidade de radiação ultravioleta e queimadura solar, porém também são necessários o uso de outros meios físicos de foto-proteção e o cuidado com relação à exposição ao sol para diminuir a incidência de câncer de pele. A identificação do indivíduo de alto risco é importante para o desenvolvimento de esforços de prevenção eficiente.
Segundo o INCA – Instituto Nacional de Câncer – estima-se cerca de 580 mil casos novos da doença para 2014. De acordo com a publicação Estimativa 2014 – Incidência de Câncer no Brasil, lançada em 27 de novembro de 2013, Dia Nacional de Combate ao Câncer, no Ministério da Saúde, o câncer mais incidente na população brasileira no próximo ano será o de pele não melanoma (182 mil), seguido do de próstata (69 mil); mama (57 mil); cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil) e estômago (20 mil). Divulgada a cada dois anos, a Estimativa é a principal ferramenta de planejamento e gestão pública na área da oncologia, orientando a execução de ações de prevenção, detecção precoce e oferta de tratamento. Excetuandose pele não melanoma, a ocorrência será de 394.450 novos casos, sendo 52% em homens e 48% entre mulheres.
O número de casos novos para cada tipo de câncer foi calculado com base nas taxas de mortalidade dos estados e capitais brasileiras (Sistema de Informação Sobre Mortalidade- SIM). As taxas de incidência foram obtidas nas 23 cidades onde existem Registros de Câncer de Base  Populacional (RCBP).
Compreender e analisar os fatores relacionados ao desenvolvimento da doença perpassa pelo conhecimento das condições socioeconômicas, ambientais e políticas determinadas do processo saúde-doença de dada coletividade, em nosso contexto, dos trabalhadores.
Ao movimento dos trabalhadores urge considerar para além dos conceitos etiológicos e de risco que estão circunscritos apenas nos aspectos biológicos e individuais, as características determinadas dos processos de trabalho, das histórias sociais daqueles que situados nesse contexto fazem de suas vidas a construção dessa categoria.