O Brasil está secando: em 30 anos, o país perdeu 1,5 milhão de hectares de superfície de água. Mas 2022 trouxe um pouco de alívio: dados do MapBiomas Água mostram que no ano passado a superfície de água no país ficou 1,5% acima da média da série histórica, que tem início em 1985, ocupando 18,22 milhões de hectares, ou 2% do território nacional. Houve uma recuperação de 1,7 milhão de hectares (10%) em relação a 2021, ano de menor superfície na série histórica. O ano passado foi o primeiro, desde 2013, em que a superfície de água no Brasil ultrapassou a barreira dos 16 milhões de hectares. Ao todo, o país ainda tem em torno de 6% da superfície e 12% do volume de toda a água doce do planeta.
O estudo aponta como causa o desmatamento que ocasionou o “sumiço” do mais vital dos recursos naturais em mais de dois terços dos municípios brasileiros, a maioria deles na região do Pantanal. É o caso de Corumbá (MS), Cáceres (MT), Poconé (MT), Aquidauana (MS) e Vila Bela da Santíssima Trindade (MT). Ou seja, são rios e nascentes desaparecendo. Para se ter uma ideia dessa perda toda no país nesses 37 anos, é como se a água de uma lagoa do tamanho de dez cidades do tamanho de São Paulo tivesse evaporado – 1,5 milhão de hectares de superfície de água.
Pantanal é o mais afetado
Em 2022, a superfície de água anual do Pantanal aumentou pela primeira vez desde 2018. Apesar disso, o bioma ainda passa por um período seco: a diferença da superfície de água com a média da série histórica é de 60,1% . O Pampa também registrou queda de -1,7% em relação a média, alcançando a menor área de superfície de água de toda a série histórica. Todos os demais biomas ganharam superfície de água em 2022: Cerrado (+11,1%), Amazônia (+6,2%), Caatinga (+4,9%) e Mata Atlântica (+1,9%). Entre os estados, Mato Grosso (-48%), Mato Grosso do Sul (-23%) e Paraíba (-12%) também vão na contramão do ganho de superfície de água registrado na maioria dos estados em 2022.
>> Acesse os principais dados da superfície da água no Brasil 1985-2022
Futuro do acesso à água preocupa
Foi observada tendência de perda de superfície de água na maioria das bacias e regiões hidrográficas brasileiras. Três em cada quatro sub-bacias hidrográficas (71%) perderam volume e extensão nas últimas três décadas. Essa perda, aliás, não foi compensada pelo aumento geral da superfície de água no país em 2022. Um terço (33%) delas ficaram abaixo da média histórica no ano passado.
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Com informações da TVT e do Mapbiomas