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O papel da mídia

O Jornal do Sintaema entrevistou o secretário de Comunicação do PcdoB, Altamiro Borges, após a palestra, que expôs suas opiniões e preocupações acerca da democratização da mídia, hoje ainda refém das grandes conclomerações. JS: Em sua opinião, o que é preciso para que haja a democratização na mídia brasileira? AB: Em primeiro lugar é preciso que se respeitem a Constituição, que em seu artigo 220 diz que é proibido o monopólio da comunicação, que hoje está concentrada nas mãos de grandes conglomerações. É preciso respeitar a diversidade de opiniões. A mídia vem criminalizando as greves e demais movimentos dos trabalhadores. JS: Esse monopólio é que determina o tipo de informação que a população deve ter? AB: Exato, hoje quem produz a notícia que pautará todo o resto vem de São Paulo e Rio de Janeiro, através das conglomerações. O Norte e o Nordeste seguem a pauta desses Estados. É preciso regionalizar a informação. JS: Dentro desse contexto, você acredita que a TV Brasil é um passo para a democratização da informação, visto que ela é uma rede pública? Corre o risco de ser uma TV chapa branca? AB: A TV Brasil é um projeto pioneiro, é uma forma de estimular a participação da sociedade, é uma forma de controle social e um importante avanço na democratização da informação. Há riscos, por isso é importante que haja a autonomia na gestão e autonomia de patrocínio, a exemplo da BBC de Londres, que é uma rede pública de alta qualidade. JS: Então o ideal seria uma maior cobrança da sociedade pelo controle público da informação? AB: Com certeza, a sociedade precisa cobrar essa participação através de conferências, elaboração de políticas de controle social. O Brasil é pautado pelo setor privado. Na Europa, por exemplo, isso não é permitido. A sociedade deve entender que a comunicação é um direito humano. JS: Hoje em dia a Internet “dribla” os monopólios e as pessoas conseguem expor mais suas opiniões e críticas em relação a diversos assuntos, sejam através de comunidades virtuais, blogs ou outras ferramentas. Nesse sentido, a Internet seria um avanço na democracia da informação? AB: Com certeza, a Internet é um importante instrumento de comunicação, todos podem interagir, mas as grandes empresas vão tentar controlar isso, vão tentar censurar a rede para poder controlar a informação. Já existe um projeto de Lei sobre o tema. JS: Você acredita que os jornais alternativos cumprem o papel de divulgar a informação que não são publicados na grande imprensa, como os jornais sindicais, por exemplo? AB: Sim, os jornais sindicais estão na luta pela promoção de políticas públicas, denunciam as manipulações e por isso devem ser cada vez mais fortalecidos, porque cumprem o papel contra-hegemônico, discordam, são independentes. Fortalecer a comunicação nos sindicatos é estratégico na democracia da comunicação. JS: A Lei de Imprensa foi extinta e o principal argumento é o de que ela foi criada dentro do regime militar. Você é a favor de uma nova regulamentação no setor? AB: De fato, a lei de imprensa estava defasada, mas sou a favor de uma nova regulamentação, porque sem uma lei específica impera a lei dos mais fortes, e, se hoje os barões da mídia já fazem o que querem, imagine como será sem uma lei. JS: E sobre a não obrigatoriedade do diploma de jornalista, qual a sua opinião? AB: Sou contra a derrubada do diploma. Quiseram com isso sucatear a profissão do jornalista. As empresas estão por trás disso com o intuito de ganhar mais, e isso vai piorar a comunicação, vai cair a qualidade. Haverá a falta de comprometimento. Infelizmente, uma parcela dos jornalistas já assimilou o pensamento patronal, com viés elitista e preconceituoso. Assim como a ausência de saneamento faz mal à saúde, a ausência de uma comunicação verdadeira e correta também faz.