O Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos produziu um estudo que mostra em números a “Visão Geral dos serviços de água e esgotamento sanitário no Brasil” com base até 2014 e realizou uma explanação sobre o assunto para a diretoria do Sintaema no dia 19 de setembro.
Os estudos são importantes porque além de mostrar um panorama do setor, aponta para uma questão muito preocupante: a iminência do crescimento da presença do setor privado, inclusive estrangeiro, nas empresas de saneamento.
Hoje a iniciativa privada é responsável por 14% no atendimento de serviços básico no Brasil, porém, o BNDES já avisou que o saneamento básico será prioridade do banco na questão de investimentos, inclusive com financiamentos para empresas privadas através do PPI – Programa de Parceria nos Investimentos.
Nesse ensejo três companhias estaduais de saneamento já estão na fila do PPI: a Cedae(RJ), Caerd (Rondônia) e Cosanpa (Pará).
Esses mesmos estudos mostram que a concessão de um setor tão essencial e que não pode ser visto pela ótica do lucro e sim pelo caráter social como saneamento pode ser uma experiência desastrosa: cidades como Berlim e Paris privatizaram esses serviços e depois voltaram a estatizá-las.
A Perda de água também foi abordada nos estudos apresentados, e nesse contexto ressaltou-se que a perda na distribuição de água no Brasil se mantém na média de 35% desde 2003, enquanto que a média europeia é de 25%. Em países como Alemanha e Japão as perdas estão em 8%.
Foi ressaltada a necessidade de investimentos na infraestrutura do setor, com perspectiva de financiamentos de R$ 37 bilhões até 2018 via PAC, mostrando a evolução dos financiamentos: em 2000 os investimentos no setor eram de R$200 milhões e em 2014 chegou-se a R$1,8 bilhão. Houve diminuição no emprego formal.
A parte mais crítica dos estudos é que mostra que temos somente 56% de cobertura de estoto no país, sendo o Sudeste é a região mais avançada nesse sentido, com 84,91% e a pior cobertura está no Norte, com apenas 4%.
Concluímos que há muito a fazer na área de saneamento, porém sabemos que privatizar esse setor não é a solução, e sim uma boa gestão pública com prioridades de investimentos nessa área vital para a saúde e bem estar da
população.